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Setembro Amarelo: prevenção de suicídio em crianças e adolescentes

O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial que pode afetar indivíduos de diferentes origens, faixas etárias, condições socioeconômicas, orientações sexuais e identidades de gênero. Entretanto, o suicídio pode ser prevenido, e saber reconhecer os sinais de risco é fundamental. No caso de crianças e adolescentes, é preciso oferecer apoio para os desafios e dificuldades que são parte de seus contextos específicos de desenvolvimento, que contribuam para a prevenção das violências interpessoal e autoprovocada.

O suicídio representa 1,4% de todas as mortes no mundo e tornou-se em 2012 a 15ª causa de mortalidade na população geral. Entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte (OMS, 2017). No Brasil, no período entre 2011 e 2016, houve predominância de notificações de autoagressão e tentativa de suicídio na faixa etária da adolescência (10- 19 anos), juntamente com adultos jovens (20-39 anos) (MS, 2017).

Fatores que podem aumentar o risco de autoagressão ou tentativa de suicídio em crianças e adolescentes:

  • História de tentativas de suicídio ou autoagressão (por ex., automutilação);
  • Histórico de transtorno mental;
  • Bullying;
  • Situação atual ou anterior de violência intra ou extrafamiliar;
  • História de abuso sexual;
  • Suicídio(s) na família;
  • Baixa autoestima;
  • Uso de álcool e outras drogas;
  • Populações que estão mais vulneráveis a pressões sociais e discriminação, tais como: LGBTQIA+, indígenas, negros, situação de rua, etc.

Sinais de alerta para o comportamento suicida:

  • Preocupação com sua própria morte ou desesperança;
  • Expressão de ideias e-ou de intenções suicidas;
  • Diminuição ou ausência de autocuidado;
  • Mudanças na alimentação e/ ou hábitos de sono;
  • Uso abusivo de drogas/álcool;
  • Alterações nos níveis de atividade ou de humor;
  • Crescente isolamento de amigos/família;
  • Diminuição do rendimento escolar;
  • Autoagressão ou indicadores

Mídia social e comportamento suicida

  • A mídia social é um espaço que pode exercer significativa influencia na autoestima e na autoimagem de crianças e adolescentes. Ao trabalhar com essa população, é importante ter uma compreensão de suas experiências digitais, sem fazer suposições simplistas sobre o quanto isso é prejudicial ou útil;
  • Há muitas maneiras diferentes para os jovens se expressarem e se comunicarem uns com os outros usando as mídias sociais. Entre aqueles com comportamento suicida, estas ferramentas podem servir de meio para a disseminação de ideias, busca e troca de informações sobre o assunto;
  • Há muitas experiências online que podem estar relacionadas ao comportamento suicida, incluindo humilhação, assédio, extorsão sexual, problemas de imagem corporal e medo de exposição;
  • Novas tecnologias digitais também estão sendo usadas cada vez mais para disponibilizar suporte interativo para acolher pessoas com comportamento suicida, como, por exemplo, por meio de serviços de aconselhamento online. No Brasil, um exemplo de instituição que disponibiliza essa ferramenta é o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do site www.cvv.org.br.

Mitos sobre o suicídio

Mito 1: O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio.

Realidade 1: As pessoas em risco de suicídio estão passando, quase invariavelmente, por uma situação de crise que pode alterar a sua percepção da realidade, interferindo em seu livre arbítrio. O acompanhamento em saúde e o tratamento de um transtorno mental, quando presente, são pilares fundamentais na prevenção do suicídio.

Mito 2: As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.

Realidade 2: A maioria das pessoas que tentam o suicídio fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Grande parte das pessoas que tira a própria vida expressou, em dias ou semanas anteriores ao suicídio, seu desejo de se matar.

Mito 3: Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.

Realidade 3: Uma tentativa prévia é o principal fator de risco para o suicídio. Um dos períodos mais críticos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa.

Mito 4: Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.

Realidade 4: Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

Mito 5: Apenas pessoas com transtornos psiquiátricos têm comportamento suicida.

Realidade 5: Muitas pessoas vivendo com transtorno mental não são afetadas por comportamento suicida. E nem todas as pessoas que tiram as suas vidas têm transtorno mental. Comportamento suicida indica profundo sofrimento, mas não necessariamente transtorno psiquiátrico.

Mito 6: Quem planeja se matar está determinado a morrer.

Realidade 6: Ao contrário: existe ambivalência entre viver e morrer. A pessoa em risco de suicido em geral não deseja a morte, mas uma saída para o seu sofrimento. Por isso, acesso a suporte emocional no momento certo pode prevenir o suicídio.

O que fazer?

  • Pergunte: Esteja atento aos sinais sutis de que uma criança ou adolescente precisa de ajuda. Como um adulto de confiança, aprenda a estar atento a esses sinais e responda a esses convites sendo responsivo.
  • Trate com seriedade o que é dito.
  • Aja com respeito e empatia: transmita que você se importa e quer entender e ajudar.
  • Adote uma abordagem sem julgamento: entenda que o comportamento da criança ou adolescente pode estar sendo a única forma encontrada para lidar com a situação.
  • Certifique-se de que a criança ou adolescente compreenda os limites da confidencialidade.

Ouça:

  • Fique totalmente disponível no momento, ouça com atenção e calma.
  • Tenha seus olhos, ouvidos e linguagem corporal abertos ao que a criança ou adolescente tem a dizer, sem demonstrar julgamentos ou reações intensas.
  • Mostre disponibilidade para ouvir sobre tudo e deixe para responder posteriormente.
  • Procure ajuda especializada.

 

Em alguns casos, você e/ou seu serviço poderá responder às necessidades da criança ou adolescente. Isto inclui encorajá-la/o a conversar com pais e outros adultos de confiança sobre seus pensamentos e sentimentos. Em outras circunstâncias, você precisará buscar apoio adicional de um profissional de psiquiatria ou psicologia.

Fonte:

2019. Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio do Estado do Rio Grande do Sul / Comissão da Criança e do/a Adolescente. Guia intersetorial de prevenção do comportamento suicida em crianças e adolescentes.

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